quarta-feira, 15 de junho de 2011

Entrevista com Ude Editora chefe do JP


Gustavo Vargas

Por Camila Chames e Gustavo Vargas


Ude Valentini é Jornalista e Editora Chefe do Jornal de Piracicaba.

Quando começou a se interessar pela área de comunicação?
Desde pequena quis fazer jornalismo, na época do colégio fiz um teste vocacional e o resultado foi à área de comunicação. Foi um processo natural, primeiro fiz faculdade de pedagogia por causa da pressão da família, tentei outra vez jornalismo e fiz.
Porque o Jornalismo?
Eu tenho muita facilidade em me comunicar, sempre gostei muito de escrever, vim de uma família que lê muito jornal, primeiro jornal que eu li foi o jornalzinho, gostava muito. Eu achava que eu me expressava melhor escrevendo do que falando.
Como era sua rotina como repórter e como é agora como editora chefa?
Muda muito, quase 100%, o papel do repórter é, tem pauta, ele faz a matéria e vai embora, o editor tem que pensar o jornal intero, inclusive o que vai sair ou não no dia seguinte. A responsabilidade é incomensurável, tem que lidar com muito mais pessoas e o repórter lida apenas com a fonte e com o editor dele, já o editor tem que lidar com as pessoas, os reportes, os fotógrafos e os diagramadores, tem que lidar com as cobranças da diretoria do jornal, sempre estar atento ao que vai sair no jornal e fazer a triagem do dia seguinte. Isso é o mais difícil, porque as pessoas perguntam de onde vocês tiram tanta matéria? Mas eles mal sabem que muita coisa fica de fora. Você tem que ter cabeça de leitor, o que interessa para o leitor nessa matéria, e também temos que mesclar com o departamento comercial, o jornal vive disso. Enfim eu acho que muda muito, a responsabilidade é muito maior. Mas eu sinto falta do contado com as pessoas e estar na rua.
Como você avalia os meios de comunicação antes e depois do surgimento das novas tecnologias (mensseger, Orkut, facebook, twitter)?
Eu acho que o principal são os sites, tentar concorrer com um site é cruel, eles tem a notícia em tempo real, dão furo. Eu acho super legal twitter, facebook, inclusive a gente pega muita pauta desses tipos de canais. E nós temos uma resposta muito boa dos nossos leitores, o jornal tem twitter e facebook e a gente posta muita notícia lá do que no nosso site e é importante que a gente tenha plena noção da diferença entre um e outro. No jornal muitas vezes a notícia que a gente coloca já foi lida, não notícia loca, local é mais difícil de já ter sido lida, é mais notícia internacional, cultura. E outra coisa, a matéria no jornal é sempre mais aprofundada que em um site, o jornal tem mais credibilidade, a matéria é sempre mais elaborada, tem os recursos visuais que são as fotos.
Em quem você se inspira, ou se inspirou para chegar aonde chegou?
Eu gosto demais do Caco Barcellos, mas nunca a ponto de me inspirar nele, mas sinceramente eu gosto muito de jornal impresso, leio, mas não tem ninguém assim que eu tenha me inspirado, eu chegar onde eu cheguei foi uma evolução da minha carreira, não é que eu sempre tenha buscado ser editora chefe, apenas aconteceu. Quando você desenvolve um trabalho verdadeiro, e você se dedica, por que o jornalismo precisa de muita dedicação, eu saia tarde da redação, tive filhos muito tarde, eu nunca trabalhei só em jornal, trabalhei em revista, fui assessora de impressa de um deputado. Para fazer jornalismo tem que se dedicar muito, essa carreira pede muito de você. Não sou melhor que ninguém, acho pode ter sido meu jeito de tratar as pessoas, a minha personalidade, isso conta também. Na carreira de jornalista você não pode ter preconceito.
Quais ou qual são suas referências jornalísticas atualmente?
Não vou falar que eu leio, mas vejo diariamente, mas eu vejo diariamente a Folha, o Estadão e O Gobo do Rio (adoro esse jornal). Sinceramente eu não tenho muito tempo para ler, mas são os jornais que eu mais gosto.
Com toda experiência que você tem como repórter e editora chefe quais são as principais qualidades para se tornar um bom jornalista?
Eu acho que o jornalismo tem que ser totalmente idôneo, não pode ser imparcial em nada, mas é claro que pessoalmente ele pode ter todas as suas convicções, mas no jornal não, tem casos que a gente fica até revoltado com as coisas que vemos, mas na hora de escrever ele não pode por sua opinião, você até tem recursos para expor, mas eu não acho legal a não ser que você faça uma matéria opinativa, o que não é o caso dos jornais, o que não é o caso aqui também. O bom repórter é o que fica na rua, se dedica o repórter de redação, deixa muito a desejar, aquele que fica esperando a matéria chegar. Por isso que aqui nós temos a prática do repórter trazer pauta, é claro que eu coloco o que vai na pauta, mas o repórter tem que trazer pautas, as vezes alguém liga, como por exemplo que aconteceu aqui, alguém ligou dizendo que ia cair uma árvore perto da sua casa e o repórter não achou o endereço, mas acabou descobrindo uma favela que nem a prefeitura sabia que existia. Nós temos repórteres muito bons aqui que estão sempre na rua atrás de matéria. Pra quem gosta de jornal impresso, tem que gostar muito porque você não tem hora pra ir embora e não pode escolher matéria, tem que ser corajoso.
Você acha que existem mais oportunidades/mercado depois do boom da internet, do que quando você nessa profissão?
Acho, não só por causa da internet, agora não atrasa mais notícia como quando eu comecei, naquela época só existiam três jornais, o JP, O Diário de Piracicaba e A Tribuna, que nem faziam concorrência, hoje a gente tem jornais que são concorrentes, principalmente na notícia. Hoje tem muito mais oportunidades de trabalho.
Foi realizado na revista “Galileu” uma enquete* sobre qual será o futuro do jornal impresso, e com 43% dos votos foi escolhido que os jornais vão resistir, mas com conteúdo diferente. Você concorda com isso?
Eu acredito que os jornais irão resistir, eu não consigo imaginar como, não sei se mudaria tanto, talvez ficasse mais com uma cara de revista, hoje eu não consigo imaginar, porque lá no ano 2000 já se ouvia falar que o jornal impresso ia acabar, e o jornal está ai e as pessoas assinam, compram. Eu acho que via resistir, como eu gosto muito de jornal impresso, provavelmente será uma mudança gradativa. Existe ainda um prazer em você pegar o jornal e poder levar para onde você quiser.
Quando você se formou, era obrigatório ter diploma em jornalismo para exercer a profissão, hoje em dia isso não é mais necessário, o que você acha disso?
Eu realmente sou a favor de ter um diploma, o jornalista tem que entender pelo menos o eu está fazendo. Nós por exemplo não temos estrutura financeira pra ter um jornalista específico em política ou em ciência, por isso o jornalista tem que ser versátil, como qualquer outra profissão tem que se ter uma base, e só a faculdade pode dar isso. Eu não concordo, acho que o diploma é fundamental, por que se não qualquer um pode vir e começar a escrever, uma pessoa dessa tem muito mais chance de ser parcial do que um jornalista formado, enfim eu sou contra não precisar ter diploma.
Gustavo Vargas


*Enquete disponível no site da revista Galileu: www.revistagalileu.globo.com

Um comentário:

  1. minha vontade é cancelar minha assinatura do JP , após a carta petista que a senhora publicou , afirmando que o pessoal que exerce a democracia em Piracicaba , saiu as ruas falando palavrão e ofensas , a senhora deveria ter mais respeito e ser imparcial , acusar todos do protesto por ódio e palavrões é muito grave.

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